domingo, 28 de junho de 2009

à tua espera...


"Un seul être vous manque et tout est dépeuplé"

No compasso lento e desconcertante das horas

espera-me o vazio do agreste deserto...

No frio desta solidão que me consome,

abrigo-me nas vestes da tua voz sedutora...

No arrepio desta ausência,

anseio pelo toque de seda

da tua pele...


Tortura que me consome

Encosto-me ao momento

Em que os nossos olhares

Sussurram palavras sugestivas

Na ânsia do beijo

Na fúria que o corpo sugere


Grito com a pujança de cada músculo

destas entranhas que Te reclamam impacientes...

Resgata-me deste vazio insane,

aporta-me no leito do teu corpo...


Acendo no teu corpo

Carícias ardentes como tochas

Quero-te no silêncio da noite

Na espera de cada carícia

Entregar-me à tentação

Dos dedos que me percorrem

Acalma-me com o toque dos teus lábios...


Espero-Te no rubro destes polposos

lábios entreabertos...

Ousa provar, sem licença ou permissão,

devora… saboreia até sem fôlego ficar...

Abandonemos os nossos sentidos

na avidez do desejo que nos trespassa

Sejamos corpo e alma em plena comunhão


Arrepia-me

Incendeia-me

Com palavras...com pensamentos

Na loucura impossível de conter

Ama-me com palavras em chama

Embala-me...rasga-me na nudez da alma


Enlouqueço-Te nas línguas de fogo

que liberta o meu olhar fulminante...

Envolvo-Te na volúpia libertina

do meu murmúrio rouco...

Tatuo a luxúria de cada carícia

em cada pedaço teu...


Serás marca no meu corpo

Entrega-me os teus desejos

Quero sentir os teus lábios na minha pele

Roçar o teu corpo com a minha boca

Somos desejo... louco... suave

Somos entrega

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Confesso...


(Coquin)

Mergulho na azulada bruma
sob o orvalho gélido do alvorecer...
Atravesso a deserta rua
perscrutando o eco dos meus passos
na sombra do vento...

Destila-se o amanhecer
nos penetrantes eflúvios
da pungente madrugada...

Assoma a claridade
no reflexo cristalino
dos fios de ouro que lambem
a penumbra dos umbrais adormecidos...
Pressinto a ternura do teu toque
no ardente afago da brisa que me beija…

Esperas-me junto ao cais
sob a emanação da maresia
no enlevo do sopro do mar…


(Coquinne)

Sem permissão

Entraste no meu corpo
Nos meus lábios deixaste o sabor dos teus
Com carícias profanas…
Tatuaste palavras sem sentido
Despiste-me de mim
Ofereces-me agasalho no teu olhar
…na tua pele


Agora…
Sinto falta do teu abraço
Pousar a cabeça no teu peito

Agora…
Danço ao ritmo do teu corpo
Num ritmo lento…num ritmo alucinante…
Ao som da batuta da saudade…da espera

Quero…
Provar o sabor do teu corpo no meu
…nossas bocas coladas num beijo


No silencio da noite…
Revejo as marcas do teu corpo no meu

segunda-feira, 8 de junho de 2009

"seres nocturnos em versos brancos"

(Ensaio - A luz)

Ali, em qualquer recanto da bruma
Cega-me o fogo ofego
Com o apego que nunca conheci.
Tão doce e tão premente, tão faminto e silvestre
Que no seu arquejar ouve-se o meu ar entrecortado,
apertado com força maior segreda segredos
rodopiantes, adejantes, frágeis e indizíveis.

Vivo ali, na silhueta de dois amantes o nascer do mundo
Como se fosse a essência de mim mesma
Enraizada, atraída, seduzindo-me ante o abismo súbito
De ternura e trevas que o coração descobre
Aguardando o milagre:
(anjo caído dos céus no corpo abandonado de mulher.)


(canto I- O Príncipe)

Perdido por becos e vielas
Marca o tempo o acelerar
Desconcertante no pulsar
Sob a memória das janelas

Pela frincha do entardecer
Irrompe teu nome caiado
Etéreo murmúrio tatuado
Em cada avenida deste Ser


(canto II- A Dama)

Chama por mim...num sussurro calado e eloquente
Entranha em mim o teu grito
(desesperado)
Toca-me com o teu pensamento num ondular revolto
Deixa que me embebede no fogo ardente dos teus lábios

Vagueia em mim como vagabundo
Insaciável... ávido de mim... de Nós
Oferece-me poesia em cada sorriso
Desperta em mim os sonhos um tanto adormecidos


(Lamento final - O Caído)

Vivem os seres na ilusão do apego…amorífero viver!
Vivem o dolo, nas vertidas e escondidas luxúrias dos sonhos
(aqueles formados dos barros da criação)
Das verdades impuras idolatram a empsicose barata…quão grande querer
À sua imagem criados, tornaram-se a mais dura e crua abominação

(entre juras eternas e doces momentos…cai a máscara, cai o pano)

Estou aqui, bem junto de vós, amaldiçoados seres…como eu!
Neste mundo sedento …Oh! Acatarsia humana… (vivendo a mentira da alma sem cor)
Pecai, formulai o desejo escondido, bebei o sangue derramado!
(por vós vertido e consumido)
Tomai os dinheiros, vendei novamente o Cristo, a vida, o vosso amor!

(nos limbos da memória perecereis no fruto proibido e na eterna lutada dos Céus)


Poema a 4 vozes: Maria Treva Flor; Moreno; Bruma; Gothicum

Este poema é fruto da cumplicidade de 'wafers' que se descobriram na escrita e cimentaram uma amizade desinteressada...

O nosso sincero obrigado à Treva e ao Gothicum por terem cedido este poema a este nosso cantinho!