segunda-feira, 8 de junho de 2009

"seres nocturnos em versos brancos"

(Ensaio - A luz)

Ali, em qualquer recanto da bruma
Cega-me o fogo ofego
Com o apego que nunca conheci.
Tão doce e tão premente, tão faminto e silvestre
Que no seu arquejar ouve-se o meu ar entrecortado,
apertado com força maior segreda segredos
rodopiantes, adejantes, frágeis e indizíveis.

Vivo ali, na silhueta de dois amantes o nascer do mundo
Como se fosse a essência de mim mesma
Enraizada, atraída, seduzindo-me ante o abismo súbito
De ternura e trevas que o coração descobre
Aguardando o milagre:
(anjo caído dos céus no corpo abandonado de mulher.)


(canto I- O Príncipe)

Perdido por becos e vielas
Marca o tempo o acelerar
Desconcertante no pulsar
Sob a memória das janelas

Pela frincha do entardecer
Irrompe teu nome caiado
Etéreo murmúrio tatuado
Em cada avenida deste Ser


(canto II- A Dama)

Chama por mim...num sussurro calado e eloquente
Entranha em mim o teu grito
(desesperado)
Toca-me com o teu pensamento num ondular revolto
Deixa que me embebede no fogo ardente dos teus lábios

Vagueia em mim como vagabundo
Insaciável... ávido de mim... de Nós
Oferece-me poesia em cada sorriso
Desperta em mim os sonhos um tanto adormecidos


(Lamento final - O Caído)

Vivem os seres na ilusão do apego…amorífero viver!
Vivem o dolo, nas vertidas e escondidas luxúrias dos sonhos
(aqueles formados dos barros da criação)
Das verdades impuras idolatram a empsicose barata…quão grande querer
À sua imagem criados, tornaram-se a mais dura e crua abominação

(entre juras eternas e doces momentos…cai a máscara, cai o pano)

Estou aqui, bem junto de vós, amaldiçoados seres…como eu!
Neste mundo sedento …Oh! Acatarsia humana… (vivendo a mentira da alma sem cor)
Pecai, formulai o desejo escondido, bebei o sangue derramado!
(por vós vertido e consumido)
Tomai os dinheiros, vendei novamente o Cristo, a vida, o vosso amor!

(nos limbos da memória perecereis no fruto proibido e na eterna lutada dos Céus)


Poema a 4 vozes: Maria Treva Flor; Moreno; Bruma; Gothicum

Este poema é fruto da cumplicidade de 'wafers' que se descobriram na escrita e cimentaram uma amizade desinteressada...

O nosso sincero obrigado à Treva e ao Gothicum por terem cedido este poema a este nosso cantinho!

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