quinta-feira, 30 de abril de 2009

Esboço-Te... numa doce prece

(Coquin)

Escorre o tempo na intemporal suspensa camada de gotículas de chuva…

Sob azuladas brumas, cerram-se as membranas dos meus olhos… suspende-se o tempo…

As minhas mãos apalpam o espaço vazio na ânsia do teu rosto esbelto… desenho-Te…

Imprimo o toque suave dos meus dedos nos contornos dos teus lábios carmim… pinto-Te…

Esboço o desejo que me consome na tela dos sentidos que Te aspiram… Amo-Te…


(Coquinne)


Abraça-me a noite de mansinho

Num rodopio estonteante, de vazios e ausências

Abriga-me, na sua magnífica fortaleza

Tecida de suspiros, e lágrimas dos amantes

Perfumadas de quimeras sonhadas

Sussurra palavras caladas num jeito secreto

Tinge-me de tons escarlates...quentes


...Sou gemido volátil que se desprende

Em lágrimas cristalizadas...que me despem

Desenho vezes sem conta o eco do teu sussurro

...do teu olhar, que me afaga como doce prece

Solto as amarras num derradeiro suspiro

Agarro o vento em suas velas consistentes


Que me levarão até Ti

Não me quero mais perder...nas farsas do tempo

Vaguear neste alento que me desalenta...

Não quero conceder mais tempo ao tempo

Quero...

O tempo sem tempo...ao teu lado

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Teu Corpo... minha Pátria

Rasga-me a alma num beijo doce

Sussurra mil palavras no rodopiar da brisa suave

Dá-me abrigo no teu pulsar

Acolhe-me no teu refúgio...

nas tuas margens

Esculpe nossos desalinhos

...em nossos corpos famintos


Afogo-Te no mar salgado…

…dos meus lábios ardentes…

Penetro-Te num murmúrio rouco
envolvendo-Te na cadência d’um
arrebatador palpitar…

Desenho-Te em insanas carícias
tatuando-Te em cada poro meu…


...embebe-Te da nossa essência

do nosso aroma quimera

Funde-Te em mim

...como lava incandescente... selvagem

Beija-me...

como o luar beija a noite

Faz de mim...

tua pátria... sem fronteiras


Sou vulcão…

…no abrasamento dessa fragrância
que derramas sob os meus sentidos…

Cravo-Te o vigor deste desejo…
…no olhar com que Te beijo…

És o oceano…

…onde fogoso me entranho…

…na imensidão das tuas águas…

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Beijo-te num olhar...

Ouve....

Meu grito lancinante... lapidado no silêncio

Penetra-me…

Esse chamamento que evocas… imortal eclodir…


Sente...

O sopro que te beija


Beija-me…

A brisa suave que teus cabelos exalam…


Olha-me…

No borbulhar do desejo, na sílaba suspensa


Fito-Te…

No rubro incandescente d’um suspiro…


Ouço-te...

Nas certezas e nas dúvidas


Escuto…

O teu murmúrio doce que me afaga…
…tanto na bonança como na tempestade…


Sinto-te...

No meu âmago, além de mim, de Ti

....de Nós


Habitas-me…

Da medula à extremidade de cada membro…

…somos


Olho-te…

Num olhar fecundo de promessas…


Concebes-me…

Na profundidade translúcida d’um olhar…



Fusão dum poema, ao sabor da nossa cumplicidade...

sábado, 11 de abril de 2009

Ferro e Fogo


(Coquinne)



Viajante do tempo diáfano
Tempo que nos escorre....
Cruelmente entre os dedos...

Percorremos os mesmos caminhos tortuosos
Pincelados com a palavra ‘solidão'
Nómadas de nossos momentos
Que nos rasgam as entranhas
No atear da chama que nos aquece
...e nos gela
Forjamos a distância com mãos de fogo
Nossos lábios prendem-se em beijos de espuma...

Sussurramos as mesmas poesias...
Num sopro doce...

Amaldiçoamos as horas vadias

Blasfemo os sentidos caóticos
Que te suspiram...que te reclamam...que te respiram

Bebo de Ti...
Em cada amanhecer

Saboreio-te em cada gota de orvalho

Sinto-te em cada brisa que me acaricia

Sabe bem ter-Te por perto
(mesmo com milhares de quilómetros a separar-nos)


(Coquin)


Vem, Amor…

…senta-Te aqui, sobre este rochedo, junto a mim…


Contempla, Amor…

…a profundidade das prateadas águas do mar
que espelham as ondulações cristalinas da luz solar…


Escuta, Amor…

…o harmonioso murmurar das rebeldes vagas
que segredam a infinidade do Amor que sinto por Ti…


Mergulha, Amor…

…no encarnado vivo destes lábios que Te esperam,
tal como a espuma branca beija os finos grãos de areia…

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Rasga o meu corpo

(Coquin)

Preciso tanto de Ti…
Tanto que enlouqueço
neste tempo sem tempo…

Suspenso, na dor intensa
do latejar neste palpitar,
vibro pelo momento em que
finalmente Te irei alcançar…

Ó pórticos iluminados…
abri-vos à minha passagem
rumo ao tão ansiado assomar…


(Coquinne)

Deserto sem água
Assim sou eu
...na tua ausência
prisioneira... inquieta
Alma adormecida, amordaçada

Transporto-me até Ti
Dedilho teu corpo, com fogo
Com chamas de fulgor
Sussurramos uma doce melodia
Pautada de loucura
Embriagamo-nos...
nas nossas bocas famintas

Corpos que se impelem
No exalar do desejo
Arrepio que escorre, com mestria
No compasso dos sentidos
Magnetizas-me no teu olhar
...que me queima
No teu corpo desfaleço...me esqueço
Saciamos o desejo incontido
Vestimos o mesmo corpo
Bebemos do prazer desmedido